As exportações de milho do Brasil estão no caminho para superar 30 milhões de toneladas em 2019, ficando perto do recorde de 2015 (30,7 milhões de toneladas), segundo projeção revisada da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). “Vínhamos falando entre 28 e 30 (milhões de toneladas de milho), hoje estamos trabalhando com 30, com a possibilidade de ser até mais que isso”, disse à Reuters Lucas de Brito, assistente-executivo da Anec, que cuida das estimativas da associação que congrega empresas como ADM, Cargill, Amaggi, CHS e Cofco, entre outras.
Se confirmada a previsão, o volume superaria de longe os 22 milhões de toneladas do ano passado, quando uma quebra de safra expressiva prejudicou o desempenho do Brasil, que vem ficando nos últimos anos na segunda posição entre os maiores exportadores, atrás apenas dos Estados Unidos.
Este ano, ao contrário de 2018, as indicações são de uma colheita recorde de quase 100 milhões de toneladas do cereal, de acordo com dados da consultoria privada AgRural.
“Condições de mercado realmente (explicam essa previsão de exportação). O preço não está sendo um impeditivo, a rentabilidade com o negócio está se mostrando favorável, e está tendo uma demanda positiva no mercado internacional”, explicou Brito.
No acumulado do ano até a terceira semana de maio, as exportações de milho do Brasil somaram 5,2 milhões de toneladas, segundo dados da Anec, que contabilizava apenas 3,3 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior.
Cautela com a soja
No caso da soja, a Anec mantém uma postura mais conservadora, prevendo exportações no ano de 65 milhões de toneladas, ante 67 milhões de toneladas da projeção de abril.
“Algumas pessoas no mercado já falam em 63 (milhões), mas isso não é uma unanimidade entre o que estamos levantando na associação”, disse.
De acordo com Brito, as previsões de exportação de soja do Brasil têm sido afetadas fundamentalmente pelo impacto da peste suína africana na China, principal importador global, que tem reduzindo as criações que consomem o farelo de soja produzido em grande parte com a matéria-prima brasileira.
“O que está puxando para baixo é que a demanda chinesa foi bastante impactada, em função do problema da peste suína, a cada vez que se vê o problema percebe-se que é maior na China”, disse.
Questionado, Brito disse que a previsão foi feita antes dos grandes negócios de soja registrados na semana passada pelo Brasil, quando uma maior demanda chinesa foi sentida no mercado brasileiro, em meio a um dólar forte frente ao real.
“Trabalhamos com possibilidade de reduzir mais do que 65 (milhões). Claro que tem muita coisa para acontecer, depende do cenário da guerra comercial (EUA-China) se manter no segundo semestre…”, disse o especialista da Anec, lembrando que as exportações dos EUA normalmente se intensificam mais para o final do ano.
No ano passado, segundo os números da Anec, as exportações brasileiras de soja atingiram recorde de 82,9 milhões de toneladas, com a guerra comercial sino-americana atraindo demanda adicional para o Brasil.
“Aquilo dificilmente vai se repetir, foi totalmente atípico”, declarou.
Pela previsão da Anec, os embarques do país este ano ficariam, portanto, mais perto dos 67,6 milhões de toneladas de 2017.
Fonte: Reuters
Foto: Pixabay