Já ouviu falar em logística reversa? Imagine um mundo onde toda compra pudesse ser retornada ao fabricante. Nesse contexto, além de gerar menos lixo, você ainda ganharia desconto para continuar comprando na mesma marca. Aquele sapato que ama jamais acabaria, pois a loja se responsabilizaria por arrumar por tempo indeterminado. Sonho?
A boa notícia é que aos pouquinhos esse cenário está virando realidade. A logística reversa é mais uma aliada do consumo consciente.
O que é logística reversa?
É a responsabilidade da marca pelo pós-consumo, ou seja, quando recolhe os produtos que seriam descartados e dá o devido fim aos resíduos. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a responsabilidade com o ciclo de vida e geração dos resíduos é compartilhada entre fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidor. Todos são corresponsáveis.
Por enquanto, a lei não prevê punição, mas algumas empresas preocupadas com o processo sustentável e a tendência ecologicamente correta já se responsabilizaram. Conheça algumas marcas e projetos que merecem atenção.
Exemplos de projetos de logística reversa:
A Insecta Shoes tem o Feche o Ciclo. onde convida o consumidor a participar do ciclo de vida da peça. Além de receber produtos velhos da marca, o cliente também recebe doações de roupas que podem virar novas peças. Os sapatos com bom estado são restaurados e vendidos por preços mais baixos e a renda é revertida para causas de impacto social.
Meia do Bem é a iniciativa da Puket de recolher meias furadas, rasgadas e sem par de qualquer marca para transformar em novas meias e cobertores destinados a instituições sociais. Tudo é feito na própria fábrica da Puket.
A Havaianas recolhe os chinelos e transforma parte do material em tapetes doados para projetos sociais. A outra parte é utilizada na fabricação de novos calçados.
Movimento Reciclo é uma iniciativa da C&A para receber roupas doadas. A marca se responsabiliza pela triagem e destino das peças para um centro social ou para o Projeto Retalhar. Retalhar é uma empresa de economia circular que recebe uniformes velhos de empresas renomadas. Essas peças passam por um processo em que o tecido é desfibrado e volta a ser matéria prima.
Por ano, são geradas 170 mil toneladas de resíduos têxteis em nosso País, sendo que 80% vão parar em aterros, segundo o Sebrae. A decomposição de tecidos pode levar centenas de anos se as fibras forem sintéticas, como o conhecido poliéster. Algumas fibras são derivadas do petróleo e todo processo resulta em liberação de gases, contaminação do solo e dos lençóis freáticos.
Está bem clara a necessidade de aumentar o ciclo de vida das peças, além de consumir com consciência e reduzir a produção de lixo.
Fonte: Carolina Camocardi – Finanças Femininas