O Brasil aumentou significativamente as suas importações de petróleo do Iraque no primeiro semestre deste ano. As compras saíram de 145 mil toneladas de janeiro a junho do ano passado para 632 mil no mesmo período em 2018, um crescimento de 335%, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Apesar disso, as importações gerais de petróleo feitas pelo Brasil dos seus dois maiores fornecedores do Oriente Médio na área – Arábia Saudita e Iraque – ficaram estáveis. Foram 2,1 milhões de toneladas importadas no primeiro semestre do ano passado e nos mesmos meses deste ano. “Houve apenas uma substituição do petróleo saudita pelo iraquiano”, informou a Diretoria de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia do Brasil.
Com a importação maior de petróleo iraquiano, as compras da Arábia Saudita caíram 24%, de 2 milhões de toneladas para 1,5 milhão de toneladas na mesma comparação. Os sauditas são, no Oriente Médio, os maiores fornecedores de petróleo do Brasil.
Apesar do aumento das compras de petróleo iraquiano, o Brasil comprou do País só um terço do que adquiriu dos sauditas. A EPE informa que o Brasil importa da Arábia Saudita e do Iraque petróleos parafínicos utilizados na produção de lubrificantes. Esse tipo de petróleo é produzido no Brasil na região Nordeste, mas os volumes são bastante reduzidos, o que faz com que as refinarias tenham que importar, segundo a EPE.
Do mercado saudita chega o petróleo Árabe Leve e do Iraque o Basra Leve. “Ambos os petróleos atendem aos requisitos técnicos, fazendo com que a preferência recaia estritamente em pormenores comerciais, como disponibilidade e preço do produto”, disse a Diretoria de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE. Eles são processados exclusivamente na Refinaria Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, segundo a EPE.
Apesar da oscilação nas importações do semestre, a EPE alerta para a necessidade de observação das compras no decorrer de um ano inteiro. “Uma menor compra no primeiro semestre pode ser compensada por uma maior no segundo semestre”, afirma. Se analisado apenas os primeiros semestres, a importação brasileira de petróleo iraquiano variou bastante desde o ano 2000, com o menor volume em 2001, com 22 mil toneladas, e o maior registrado no ano de 2004, quando foram compradas 1,2 milhão de toneladas de janeiro a junho.
A Diretoria de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE afirma que a comercialização de petróleo é pensada e executada globalmente, principalmente por grandes tradings, e depende de vários fatores, como tipo de petróleo processado, previsão de demanda, estoques comerciais de óleo e derivados, estoques estratégicos nacionais, instabilidade geopolítica, entre outros. “Acordos comerciais entre países, e suas balanças comerciais, influenciam o comércio, não sendo, contudo, o único fator determinante”, afirma.
De acordo a EPE, a produção iraquiana de petróleo vem aumentando e deve crescer ainda mais nos próximos anos, apesar de dificuldades que o país tem a enfrentar, como vestígios do Estado Islâmico, desavenças com os curdos no Nordeste iraquiano, problemas em atrair as grandes empresas petrolíferas e desentendimentos entre sunitas e xiitas.
A EPE lembra que apesar dos cortes nas produções acertados pelos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o Iraque e os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) têm mantido fortes investimentos em exploração, o que permitiu que os iraquianos aumentassem as reservas. “Contudo, para o incremento da produção, muitos investimentos em infraestrutura serão necessários”, diz a EPE.
A EPE em suas projeções considera que haverá um crescimento da demanda mundial por petróleo nos próximos anos, com necessidade de investimentos em exploração e produção. Neste cenário, a Empresa de Pesquisa Energética acredita que em função das suas reservas, o Iraque deve se manter como um dos principais produtores mundiais e crescer no segmento, se conseguir manter uma estabilidade regulatória e política.
As importações brasileiras de petróleo do Iraque e Oriente Médio, porém, devem se manter nos mesmos patamares nos próximos anos, acredita a EPE. Como o Brasil é autossuficiente em petróleo para a produção de combustíveis, o fornecimento do óleo iraquiano deve ficar restrito ao volume necessário para a fabricação de lubrificantes. “Não há nenhuma perspectiva de ampliação do parque nacional de refino para produção de lubrificantes parafínicos.” Assim, a importação de petróleo iraquiano deve aumentar quando apresentar vantagem comercial sobre o saudita.
Fonte: Comex do Brasil