Por Marcos Jorge de Lima, ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
O Brasil completou, neste domingo, 210 anos de comércio exterior. Foi em 28 de janeiro de 1808, com a assinatura da Carta Régia de Abertura dos Portos às Nações Amigas, que o Brasil, ainda colônia portuguesa, passou a exercer autonomia sobre seu próprio comércio exterior. Assinada pelo então príncipe regente d. João de Portugal, a carta foi um marco histórico, que mudou a trajetória econômica brasileira.
Hoje, mais de 57.300 empresas brasileiras participam diretamente no comércio internacional. Como resultado, a balança comercial, em 2017, teve desempenho contundente em todos os seus fundamentos: saldo, exportações e importações.
O superávit recorde de US$ 67 bilhões contribuiu de maneira determinante para a retomada do crescimento e melhora das contas externas. Destaca-se ainda o aumento de 15% da corrente de comércio.
As exportações voltaram a crescer após cinco anos, alcançando US$ 217,7 bilhões. Em relação a 2016, o incremento foi de 18,5%, disseminado por todas as categorias de produtos —de básicos a manufaturados. As vendas externas aumentaram em termos de preços (10,1%) e de quantidades (7,6%).
O resultado foi o aumento das exportações brasileiras acima da média mundial tanto em volume como em valor, levando à nossa melhora no ranking do comércio internacional.
O comportamento positivo da balança comercial também se verificou nas importações. Com um total de US$ 150,7 bilhões, as compras externas cresceram 10,5%, revertendo trajetória de três anos de queda. Esse aumento está diretamente relacionado à retomada da atividade econômica e se caracterizou por um perfil saudável, concentrado na aquisição de bens intermediários e de insumos para a produção industrial e agrícola.
Para 2018, o MDIC prevê novo aumento das exportações e importações. O saldo comercial deverá ficar na casa dos US$ 50 bilhões.
O resultado derivará da perspectiva do aquecimento da demanda interna, com a consequente intensificação das importações de empresas e famílias, bem como em razão do bom desempenho dos principais setores exportadores, como automotivo, grãos e carnes. Também contam para esta análise o aumento esperado de produção de commodities minerais e o crescimento da economia e do comércio mundiais.
Além desses fatores, espera-se que as iniciativas em curso para a abertura e a facilitação do comércio contribuam para fortalecer nossa atuação internacional. A plena vigência de acordos comerciais com a Colômbia e com o Egito deve intensificar as exportações para esses destinos.
A implantação do novo processo de exportação do Portal Único de Comércio Exterior já oferece caminho mais célere, barato e competitivo para nossas vendas externas. A promoção da cultura exportadora ajuda a capacitar pequenas e médias empresas para navegar as águas do comércio mundial.
A negociação em curso de novos acordos comerciais e de investimentos, o combate a barreiras às exportações e a contínua desburocratização do comércio fazem parte do esforço por maior inserção externa do Brasil.
Desde 1808, o comércio exterior vem mostrando sua importância para o dinamismo econômico. Em 2017, teve contribuição determinante para a superação da recessão.
Devemos aproveitar a oportunidade e fazer com que o comércio exterior deixe de ser prioritário só em momentos de retração doméstica e assuma papel de motor permanente do desenvolvimento.
Autor: Marcos Jorge de Lima, ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
Fonte: Folha de S. Paulo